sexta-feira, 11 de abril de 2008

Nova pesquisa sobre o clima do Cretáceo


Segundo a Agência Fapesp, foi publicado hoje (11/04/2008) na revista Science, um trabalho que analisou, por meio de modelos climáticos, o clima do Cretáceo, propondo uma outra explicação para as temperaturas terrestres muito altas que caracterizaram aquele período.
Segundo a reportagem da Agência, que pode ser encontrada no link: http://www.agencia.fapesp.br/boletim_dentro.php?id=8693, os autores do trabalho seriam Lee Kump e David Pollard, e o título do trabalho seria "Atmospheric oxidation capacity sustained by a tropical forest".

No entanto, fazendo uma rápida busca na internet, encontrei o seguinte:
- um artigo com o mesmo título, mas outros autores (há uma versão em PDF), disponível no site do Departamento de Química Atmosférica do Instituto Max Planck;
- esse artigo homônimo, no entanto, está publicado na Nature, em 10/04.
- essa notícia da Agência Fapesp também foi divulgada no site da Le Scienze, edição italiana da Scientific American (mas como meu italiano é quase zero, não achei detalhes sobre a publicação nesse texto).
- de fato há um artigo publicado hoje (11/04) na Science, e desses mesmos autores, mas o título é: "Amplification of Cretaceous Warmth by Biological Cloud Feedbacks"
- um artigo de divulgação da Asian News International sobre o assunto, também pode ser encontrado em vários sites na internet.
Ou seja, o título não é o que está na reportagem da Agência Fapesp.
Uma outra reportagem sobre o artigo de Kump e Pollard pode ser encontrada (em inglês) no site da National Geographic.
Mas vale a pena ler a reportagem.

Em relação aos sentidos mais comuns que circulam sobre aquecimento global, essa notícia desloca a idéia da relação pura, simples e direta entre aumento de CO2 e aumento da temperatura global, ou seja, o sistema clima é extremamente complexo, sendo caracterizado por inúmeros efeitos de feedback tanto positivos quanto negativos e o aumento da temperatura pode ser causado por outros fatores que não o aumento do CO2, e não apenas por um fator isolado. A compreensão de que fatores são esses, do peso de cada um deles e de como eles se relacionam entre si (os efeitos de feedback) são fundamentais. E se trata de um texto sobre efeito estufa em épocas muito remotas (em torno de 100 milhões de anos atrás), idéia que também não é comumente divulgada, principalmente na escola.
Outro aspecto interessante, que pode ser trabalhado na escola, visando contribuir para construir uma idéia das relações entre os sistemas terrestres, está na relação entre a biosfera e o clima.
Vale a pena prestar bem atenção ao mapa acima!

quinta-feira, 10 de abril de 2008

"A grande farsa do aquecimento global" no Fantástico (TV Globo)

Disponibilizo o link do YouTube para reportagem do Fantástico (TV Globo) sobre o documentário "A grande farsa do aquecimento global":

http://www.youtube.com/watch?v=JkNgXUFBlMM

Para quem viu o documentário (ver postagens abaixo), é interessante prestar bem atenção sobre como a TV produz uma leitura, uma interpretação do documentário. E isso está naquelas sutilezas dos discursos...

Por exemplo, no trecho que começa em 3:53 o locutor diz "E o que diz a turma do IPCC?". Ora, no documentário, há vários cientistas que são ou foram do IPCC. Ou seja, o IPCC e representado como uma voz uníssona, como se não houvessem discordâncias lá dentro. Ele é chancela de "consenso" que parece ser necessária para que sua autoridade tenha legitimidade.

E o que me dizem das imagens?...